Arquivo de Racismo - Estação de Radio Yorùbá https://radioyoruba.com.br/category/racismo/ Emissora de Radio Yorùbá especializada em candomblé, umbanda e tudo relacionado a cultura afro brasileira Sun, 31 Mar 2024 11:41:54 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://radioyoruba.com.br/wp-content/uploads/2022/07/LOGO_RADIO_YORUBA_512-75x75.png Arquivo de Racismo - Estação de Radio Yorùbá https://radioyoruba.com.br/category/racismo/ 32 32 Carioca atacada na Alemanha fala sobre agressões e racismo no país europeu: ‘Crime de ódio’ https://radioyoruba.com.br/2024/03/31/carioca-atacada-na-alemanha-fala-sobre-agressoes-e-racismo-no-pais-europeu-crime-de-odio/ https://radioyoruba.com.br/2024/03/31/carioca-atacada-na-alemanha-fala-sobre-agressoes-e-racismo-no-pais-europeu-crime-de-odio/#respond Sun, 31 Mar 2024 11:41:54 +0000 https://radioyoruba.com.br/?p=13249 A ativista negra Gabi Monteiro e o namorado Dominik Haushahn foram alvos de ataques racistas e agressões físicas em março de 2023. Em fevereiro desse ano, três suspeitos do grupo de oito pessoas que atacaram o casal se entregaram à polícia alemã. Neste sábado (30), ela postou um desabafo sobre o caso. A ativista negra […]

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A ativista negra Gabi Monteiro e o namorado Dominik Haushahn foram alvos de ataques racistas e agressões físicas em março de 2023. Em fevereiro desse ano, três suspeitos do grupo de oito pessoas que atacaram o casal se entregaram à polícia alemã. Neste sábado (30), ela postou um desabafo sobre o caso.

A ativista negra Gabi Monteiro e o namorado Dominik Haushahn foram alvos de ataques racistas e agressões físicas em março de 2023. — Foto: Reprodução redes sociais

A ativista negra e designer carioca, Gabi Monteiro, que há cinco anos mora em Berlim, na Alemanha, fez um forte relato sobre os ataques racistas que sofreu em uma estação de metrô da capital alemã.

No último sábado (30), a carioca comentou em suas redes sociais sobre os ataques que sofreu em março de 2023. Na ocasião, ela e o namorado, Dominik Haushahn, viram um grupo de oito pessoas fazendo piadas sobre seu cabelo, provocando e humilhando a brasileira por conta da cor de sua pele.

Além dos atos racistas, seu companheiro acabou agredido fisicamente, após tentar impedir as humilhações. Para Gabi, as cicatrizes psicológicas provocadas pelos ataques ainda causam dor.

“Essa covardia que nos aconteceu foi um crime de ódio, com temática racista e sexista e precisa ser nomeada como tal. Foi o pior momento da minha vida”, escreveu Gabi.

Segundo o jornal alemão Berliner Zeitung, três dos oito suspeitos de atacarem o casal se entregaram à polícia no último dia 27 de fevereiro.

Crime no metrô
Conforme a imprensa alemã e os relatos de Gabi Monteiro, os ataques aconteceram no dia 26 de março de 2023, na estação de metrô Alexanderplatz.

Por volta das 18h, o casal seguia em direção a região de Hermannstrasse, quando perceberam a presença no vagão de um grupo de oito jovens. Gabi contou que um dos integrantes do grupo começou a fazer piadas sobre ela em voz alta. Eles começaram a rir, quando um deles se aproximou e fez comentários agressivos sobre o cabelo da brasileira.

“Um grupo de 8 pessoas entrou e começou a rir alto, zombando de mim, fazendo comentários agressivos sobre minha aparência e meu cabelo. Quando um homem apontou a câmera do celular na minha cara e disse: ‘Vou tirar uma foto dela'”, relembrou.
Já irritada, Gabi recusou a foto e enfrentou o homem que insistia em zombar dela de forma racista.

“Todo o grupo começou a nos assediar e a ameaçar. O homem tentou mais duas vezes tirar uma selfie comigo. Após sua terceira tentativa, tentei tirar o telefone de sua mão. O grupo dizia coisas agressivas como: ‘Em Berlim as coisas não são assim'”, contou Gabi.

Agressão física
A coisa piorou quando o vagão do metrô chegou a estação Alexanderplatz. Nesse momento, a brasileira e o namorado tentaram deixar o trem. Contudo, três homens do grupo foram na direção deles para agredi-los com socos e chutes.

“Outros três homens do grupo perseguiram meu parceiro até a plataforma, atingindo-o com vários socos no rosto, até que ele ficou coberto de sangue. Os agressores só pararam porque um estranho interveio”, escreveu Gabi em sua conta no Instagram.

Gabi registrou parte do grupo de oito pessoas que atacaram o casal no metrô — Foto: Reprodução redes sociais

A ação covarde dos jovens contou ainda com a ajuda de mais duas mulheres que ficaram segurando as portas do metrô para que os homens que atacaram o namorado de Gabi pudessem voltar e fugir da estação. “Uma experiência horrível”, lembrou Gabi.

“O grupo que nos atacou foi sexista, pois ao me identificarem como mulher me objetificaram, gritando sobre meu cabelo, que é uma parte do meu corpo que não cabe a ninguém categorizar. Eles falaram de mim como se eu estivesse lá para divertimento deles”, analisou.
Medo e depressão
Os ataques não deixaram apenas marcas físicas em Gabi e em seu namorado. A brasileira relatou que o ódio daquele grupo fez com que ela tivesse medo de andar pelas ruas de Berlim.

“(…) Eles devem ser identificados e responsabilizados pelos crimes de ódio, racismo, sexismo e agressão física, pelos danos psicológicos, como depressão, ansiedade e medo que venho sofrendo desde então”, cobrou a carioca.

Na opinião de Gabi, essa é uma realidade que afeta a sociedade alemã. Para ela, o país precisa falar mais sobre o racismo e deve punir as pessoas que agem dessa forma.

“A desumanização, objetificação e colocação de pessoas negras em um local de entretenimento não é uma ocorrência recente, mesmo antes de o regime nazista se estabelecer na sociedade alemã”

“A Alemanha é o país que escolhi para viver e me proporcionou momentos maravilhosos, mas há pouca discussão pública crítica sobre o que gera tantos crimes de ódio neste país. Não somos todos iguais. Devemos respeitar as diferenças de cada indivíduo. O grupo que nos atacou precisa aprender a tolerar e respeitar a todos”, completou Gabi Monteiro.

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Prefeito de Itatiaia é preso após chamar funcionária de padaria de “negrinha” https://radioyoruba.com.br/2023/10/18/prefeito-de-itatiaia-e-preso-apos-chamar-funcionaria-de-padaria-de-negrinha/ https://radioyoruba.com.br/2023/10/18/prefeito-de-itatiaia-e-preso-apos-chamar-funcionaria-de-padaria-de-negrinha/#respond Wed, 18 Oct 2023 11:33:02 +0000 https://radioyoruba.com.br/?p=12833 O prefeito de Itatiaia (RJ), Irineu Nogueira, foi preso em flagrante nesta terça-feira (17) após ser acusado de chamar uma funcionária de uma padaria de “negrinha”. O estabelecimento fica no bairro Jardim Jalisco, em Resende (RJ). Segundo a Polícia Civil, o prefeito tentou pegar um salgado direto da vitrine e foi advertido pela atendente, que […]

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O prefeito de Itatiaia (RJ), Irineu Nogueira, foi preso em flagrante nesta terça-feira (17) após ser acusado de chamar uma funcionária de uma padaria de “negrinha”. O estabelecimento fica no bairro Jardim Jalisco, em Resende (RJ).

Segundo a Polícia Civil, o prefeito tentou pegar um salgado direto da vitrine e foi advertido pela atendente, que explicou que era proibido os clientes se servirem por conta própria por uma determinação da Vigilância Sanitária.

Neste momento, Irineu se irritou com a funcionária e começou a ofendê-la com palavrões. Outra balconista tentou conter a situação e foi interrompida pelo prefeito, dizendo que não tinha problemas com ela, mas com sua colega de trabalho, a chamando de “negrinha”.

– Meu problema não é com você, é com aquela negrinha lá – acusou o políico.

Assim que o prefeito deixou a padaria, a funcionária injuriada se dirigiu à delegacia de Resende para registrar o boletim de ocorrência. Na queixa, foi anexado um vídeo da câmera de segurança do estabelecimento. A filmagem não tem som, mas mostra o momento da confusão.

Diante das evidências do relato e do vídeo, o delegado de Resende, Michel Floroschk, saiu às ruas e obteve êxito na prisão de Irineu Nogueira.

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Mãe de santo acusa padre da cidade de Sousa de intolerância religiosa durante reunião de padrinhos https://radioyoruba.com.br/2023/10/17/mae-de-santo-acusa-padre-da-cidade-de-sousa-de-intolerancia-religiosa-durante-reuniao-de-padrinhos/ https://radioyoruba.com.br/2023/10/17/mae-de-santo-acusa-padre-da-cidade-de-sousa-de-intolerancia-religiosa-durante-reuniao-de-padrinhos/#respond Tue, 17 Oct 2023 23:32:17 +0000 https://radioyoruba.com.br/?p=12824 Uma reunião com madrinhas e padrinhos de batismo na Igreja Católica Matriz de Sant’Ana, na cidade de Sousa, no Sertão da Paraíba, vai terminar em caso de justiça. É que a comunidade candomblé Ilê Axé Yéyé Olomi Tùtu está acusando o padre Paulo Diniz de ter praticado intolerância religiosa e racismo durante a reunião. O […]

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Uma reunião com madrinhas e padrinhos de batismo na Igreja Católica Matriz de Sant’Ana, na cidade de Sousa, no Sertão da Paraíba, vai terminar em caso de justiça. É que a comunidade candomblé Ilê Axé Yéyé Olomi Tùtu está acusando o padre Paulo Diniz de ter praticado intolerância religiosa e racismo durante a reunião.

O fato veio a público através de uma nota de repúdio publicada pela comunidade candomblé. Mas também existe um vídeo gravado por uma testemunha na reunião que teria flagrado o padre comentando sobre as religiões de matriz africana. A assessoria jurídica do Ilê Axé Yéyé Olomi Tùtu disse que está com o vídeo e deverá utilizá-lo para provar as acusações.

O repórter Bruno Rafael conversou ao vivo, no programa Olho Vivo, com a mãe de santo Francisca Francimar e com o advogado Fillipe Morais, direto do terreiro do Ilê Axé Yéyé Olomi Tùtu. Mãe Francisca diz ter se sentido envergonhada logo no começo da reunião porque o padre “entrou dizendo que os pais tinham de saber quem eram os padrinhos que iam tomar para seus filhos” e que religiões de matriz africana, tais como candomblé, umbanda e jurema, não são adequadas porque trariam “torturamento” para os filhos cujos padrinhos e madrinhas são adeptos dessas religiões.

Mãe de santo Francisca Francimar, do Ilê Axé Yéyé Olomi Tùtu, de Sousa-PB (Foto: Bruno Rafael/Diário do Sertão)

Já o advogado Fillipe Morais conta que o padre citou entidades religiosas de matriz africana em tom de escárnio e teria dito que essas religiões causam “confusão mental na cabeça das pessoas”.

“As falas que vocês podem observar nos vídeos, ele não trata só dos dogmas da igreja, ele vai além. O discurso religioso dele vai além da liberdade de expressão religiosa. Ele diz que tipos de ambientes como esse que a gente está agora causam confusão mental na cabeça das pessoas, que nem ele frequenta esse tipo de lugar. E cita várias entidades dessas casas como forma de deboche. Fala de pretos velhos, fala de Yemanjá, fala que essas divindades não salvam ninguém e a única que salva é Jesus Cristo da Igreja Católica, ao qual as comunidades de terreiro, inclusive, têm fé em Jesus Cristo”, diz o advogado.

“É muito comum a gente vê pessoas evangélicas batizando afilhados em igreja católica e isso é tratado de forma normal. Mas quando se volta para a população de terreiro, existe uma estranheza. Tudo isso é resquício do racismo estrutural que a gente tem no Brasil”, acrescenta.

O advogado disse ainda que vai procurar medidas judiciais cabíveis “primeiro para que exista esclarecimento, e segundo para que haja a punição, porque racismo é crime no Brasil e um crime inafiançável e imprescritível.”

O repórter Bruno Rafael chegou a conversar, em off, com o padre Diniz, mas ele disse que não quer se pronunciar sobre o caso. A Diocese de Cajazeiras, a qual as paróquias de Sousa são subordinadas, também ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.

DIÁRIO DO SERTÃO

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Assessora da ministra da Igualdade Racial faz ofensa contra torcida “branca” do São Paulo https://radioyoruba.com.br/2023/09/26/assessora-da-ministra-da-igualdade-racial-faz-ofensa-contra-torcida-branca-do-sao-paulo/ https://radioyoruba.com.br/2023/09/26/assessora-da-ministra-da-igualdade-racial-faz-ofensa-contra-torcida-branca-do-sao-paulo/#respond Wed, 27 Sep 2023 00:44:26 +0000 https://radioyoruba.com.br/?p=12045 Por redação: Depois de a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, usar um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir à final da Copa do Brasil, sua assessora aproveitou o mesmo jogo para ofender a torcida “branca” do São Paulo, chamar a diretoria do Flamengo de “fascista” e reclamar da Polícia Federal (PF). A […]

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Por redação:
Depois de a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, usar um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir à final da Copa do Brasil, sua assessora aproveitou o mesmo jogo para ofender a torcida “branca” do São Paulo, chamar a diretoria do Flamengo de “fascista” e reclamar da Polícia Federal (PF). A assessora fez as postagens em redes sociais com imagens da partida que ocorreu no estádio do Morumbi, em São Paulo, no último domingo (24). Nas publicações, a Assessora Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle Decothé, criticou a suposta ascendência europeia dos são-paulinos que assistiam ao jogo. “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade… Pior tudo de pauliste”, escreveu. Em outras postagens, ela afirma ser flamenguista “independente da diretoria fascista”, crítica a Polícia Federal e aparece mostrando o dedo do meio para a câmera ao lado de outra assessora da ministra. Ambas acompanhavam Anielle Franco na partida para o lançamento de uma ação contra o racismo.

Print de imagem publicada nos stories de Marcelle Decothé da Silva mostra que assessoria especial do Ministério da Igualdade Racial criticou torcida “branca” do São Paulo Futebol Clube

Racismo no Brasil é crime inafiançável e imprescritível

No Brasil, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, previsto no inciso XLII ao artigo 5º, da Constituição Federal. A Lei do Crime Racial, 7.716 de 1989, define quais são os crimes “resultantes de preconceito de raça ou de cor”. Em 11 de janeiro, o presidente Lula foi mais longe e sancionou uma lei que equipara a injúria racial (ofensa a uma pessoa) ao crime de racismo. Com isso, falas que contenham elementos referentes a raça, cor, etnia ou procedência nacional entendidas como ofensivas por pessoas ou grupos considerados minoritários também passam a ser imprescritíveis e inafiançáveis, assim como já ocorria no crime de racismo. Em nota, o Ministério da Igualdade Racial informou que abriu investigação para apurar a conduta das servidoras. Além disso, uma notícia-crime foi apresentada pelo deputado federal Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) contra a assessora por discriminação racial.

De acordo com o parlamentar, a apresentação foi protocolada no Ministério Público de São Paulo e na Polícia Civil do estado, pois as publicações configurariam crime. “A assessora praticou discriminação por cor e procedência nacional, uma vez que afirmou que a torcida branca é descendente de europeu safado (cor e procedência nacional) e fez ainda uma relação entre eles e o fato de serem paulistas (procedência nacional)”, afirma o documento. Bilynskyj cobra ainda o afastamento imediato da assessora de suas funções devido à incoerência entre seu cargo e suas postagens, já que ela atua na “pasta do Poder Executivo Federal competente para planejar, coordenar e executar políticas públicas de promoção da igualdade racial e combate ao racismo em caráter nacional”, concluiu.

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Aos necessários dias de consciência negra e o nosso futebol de cada dia https://radioyoruba.com.br/2021/12/17/aos-necessarios-dias-de-consciencia-negra-e-o-nosso-futebol-de-cada-dia/ https://radioyoruba.com.br/2021/12/17/aos-necessarios-dias-de-consciencia-negra-e-o-nosso-futebol-de-cada-dia/#respond Fri, 17 Dec 2021 00:18:46 +0000 https://radioyoruba.com.br/?p=176 O dia 20 de novembro resgata a memória de rebeldia de Zumbi dos Palmares, que aprendeu a defender uma estratégia de poder usando várias formas e técnicas de resistência. – Gorivero / Wikicommons A luta pela democracia perpassa também pela luta da democracia no futebol Beni CarvalhoBrasil de Fato | Salvador (BA) | 30 de Novembro […]

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O dia 20 de novembro resgata a memória de rebeldia de Zumbi dos Palmares, que aprendeu a defender uma estratégia de poder usando várias formas e técnicas de resistência. – Gorivero / Wikicommons

A luta pela democracia perpassa também pela luta da democracia no futebol

Beni CarvalhoBrasil de Fato | Salvador (BA) | 30 de Novembro de 2021 às 10:38

No dia 20 de novembro celebramos com luta o dia da Consciência Negra. Ainda que esta seja cotidiana para aqueles e aquelas que resistem diariamente a esse sistema brutal, que mantém as suas garras sobre nós trabalhadores e trabalhadoras negros e negras, a data é para nós um dia em que devemos sempre reforçar a nossa rebeldia necessária. Assim como foi o dia 04 de novembro, quando celebramos para reforçarmos a rebeldia necessária (nos seus princípios, teoria e concepção política) de um negro amante do futebol, marxista-leninista, Carlos Marighella, o dia 20 traz a memória de rebeldia de Zumbi dos Palmares, que aprendeu a defender uma estratégia de poder usando várias formas e técnicas de resistência que acabaram contribuindo com o desenvolvimento cultural da sociedade brasileira.

A luta racial é de interesse do proletariado brasileiro, pois o racismo tem em seu âmago contradições irresolvíveis no capitalismo brasileiro, assumindo sempre dimensões explosivas. Por isso, é de nosso interesse fortalecer e intencionalizar uma política que estimule todos os espaços sociais que enfrentem a questão racial enquanto sua dimensão dialética na classe trabalhadora brasileira.

As denúncias que os trabalhadores, as trabalhadoras e o movimento negro vêm estimulando para garantir a revelação das barbaridades históricas e vigentes contra os corpos negros/as estimulam a luta racial no futebol, que retroalimenta essa resistência cotidiana. Nesse conflito cotidiano, no dia 16 de novembro, infelizmente presenciamos um ato racista contra a jogadora Adriana do Corinthians, pelas adversárias do Nacional do Uruguai, em partida válida pela libertadores. Mesmo tendo havido reação a partir dos protestos das jogadoras corinthianas, lamentavelmente o jogo teve a continuidade dada pela equipe de arbitragem.

Em outro episódio, foi constatado atos racistas cometidos pelo conselho deliberativo do Brusque Clube contra o jogador Celsinho. O caso foi passível de punição, no entanto, no dia 18, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD absolveu e garantiu a recuperação de três pontos do citado clube da série B do Brasileirão. Celsinho manifestou publicamente seu repudio à decisão retrógrada.

O futebol, como em diversos âmbitos das nossas relações sociais, é articulado por uma estrutura econômica que orienta as formas de produção, socialização e de dominação a partir de uma política com orientação de classe.

Num momento em que o capitalismo necessita aprofundar a exploração dos trabalhadores/as e diante da crise de destino do conjunto da classe e suas representações, crise essa demonstrada na política federal do Brasil e no controle da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), torna-se necessária para o sistema a política retrógrada e violenta contra o nosso povo. Sendo assim, tanto o governo federal quanto a CBF apostam na espetacularização, na ausência de investimentos, na corrupção, no autoritarismo, no ataque à democracia e no reforço do racismo enquanto condução da superexploração.

Os negros, enquanto sujeitos historicamente dominantes na qualidade e na quantidade, no futebol estão sujeitos às péssimas condições de trabalho. Segundo estudo “Impacto do Futebol Brasileiro” realizado pela consultoria da Ernst & Young para a CBF em 2020, 55% dos jogadores de futebol masculino brasileiros (é importante levarmos em consideração que, dessa porcentagem, a maioria são homens negros) recebiam menos de um salário mínimo; em contrapartida, apenas 1% recebiam acima de 500 mil reais. Esses dados nos mostra como a crise social impacta ainda mais muitos trabalhadores, agravando as condições dos negros, em especial as mulheres negras, que teriam possibilidade de se desenvolverem no futebol, porém, a ausência das condições mínimas de sobrevivência afastam esses trabalhadores/as das condições plenas do desenvolvimento da cultura esportiva do futebol, e assim vai se destruindo os e as “artistas da bola”, ao passo que o futebol brasileiro vai se concentrando nas mãos de burgueses e pequenos burgueses neofascistas que, baseados na espetacularização, racismo e patriarcalismo, submete a maioria ao projeto político deles.

Por fim, reforçamos que a luta pela democracia perpassa também pela luta da democracia no futebol e por uma estratégia política que possa lograr os trabalhadores e trabalhadoras ao objetivo da conquista do poder político, para que possamos impor também os nossos interesses no futebol brasileiro, que estimule o desenvolvimento pleno da nossa cultura e arte com igualdade econômica e política. Para isso, é necessário reforçarmos sempre a rebeldia necessária de Zumbi, Dandara, Marighela, Lélia Gonzalez e muitos outros e outras que são nossa eterna inspiração por um mundo de poesia, futebol, samba/forró e revolução.

Edição: Jamile Araújo

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