Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro recebe o Machado Sagrado de Xangô
Escrito por Eduardo de Oxalá em 19/12/2024
O Oṣẹ Mímọ́ Ṣàngó, o Machado Sagrado de Xangô, carrega o poder da justiça, da verdade e do equilíbrio, valores universais que transcendem culturas e religiões. A entrega deste símbolo ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), nesta quinta-feira, 19 de dezembro, às 11h, representa um marco na história das religiões de matriz africana e reafirma o compromisso com a valorização da diversidade cultural.
O machado de Xangô, com suas lâminas duplas, nos ensina que a justiça verdadeira considera ambos os lados de uma questão. Esse simbolismo reflete a sabedoria de Xangô, o aplicador das leis de Olódùmarè, que garante que “quem deve paga, e quem merece recebe”. Sua mensagem de equilíbrio e imparcialidade inspira não apenas a religião, mas também o próprio sistema de justiça.
A iniciativa, liderada pela Ìyálaṣé Arethuza Doria de Ọya em parceria com a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra da OAB-RJ (CEVENB), integra os objetivos do Pacto pela Igualdade Racial promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Sob a condução do Desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, presidente do TJRJ, a cerimônia reforça a importância do reconhecimento das tradições afro-brasileiras e promove um diálogo entre cultura, espiritualidade e justiça.
Esta entrega histórica também se alinha ao entendimento recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a presença de símbolos religiosos em espaços públicos como expressão da riqueza cultural do Brasil, sem ferir a laicidade do Estado. Nesse contexto, o Oṣẹ Mímọ́ Ṣàngó passa a ser uma representação de inclusão e respeito às tradições que moldaram a sociedade brasileira.