O buraco da camada de ozônio está aumentando, diferente do que se chegou a imaginar. Os cientistas buscam entender o que impede a regeneração dessa barreira
Segundo estimativas da Agência Espacial Europeia (AEE), o buraco na camada de ozônio, localizado no topo da Antártida, ficou três vezes maior do que o Brasil, atingindo um de seus maiores tamanhos já registrados, com 26 milhões de km² no último dia 16. O monitoramento foi feito pelo satélite Copernicus Sentinel-5P.
O Copernicus Sentinel-5P, lançando em 2017, é o primeiro satélite Copernicus dedicado ao monitoramento da atmosfera, utilizando um espectrômetro avançado chamado Tropomi, capaz de notar as assinaturas de gases atmosféricos em diversas faixas do espectro eletromagnético. É com as leituras do ozônio feitas por ele, processadas em centros aeroespaciais em terra, que descobrimos como está a camada de proteção contra os raios ultravioleta.
Por que o buraco da camada de ozônio está tão grande?
A variação de tamanho da camada de ozônio depende, principalmente, da força dos ventos estratosféricos que fluem para a região antártica. Eles são consequência da rotação da Terra e da diferença de temperatura entre as latitudes médias e polares — quanto maior a diferença, pior é a rarefação. Caso os ventos sejam fortes, uma barreira se forma, impedindo a troca entre as massas de ar polares e temperadas. Isoladas, as massas de ar sobre as latitudes polares esfriam durante o inverno.
Os cientistas da AEE consideram ser cedo para cravar os motivos das concentrações baixas de ozônio, mas acredita-se que a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em janeiro de 2022, e incêndios na Austrália tenham influenciado consideravelmente a camada de ozônio. Isso jogou muito vapor de água na estratosfera, chegando na região polar sul apenas no final do ano passado. Com isso, a quantidade de nuvens polares aumentou, onde clorofluorcarbonetos reagem e aceleram a rarefação de ozônio.
Lembrando que a quantidade de clorofluorcarbonetos em refrigeradores e aerossóis nos anos 1970 e 1980 foi o que causou o buraco na camada de ozônio, levando ao banimento e descontinuação de sua produção com o Protocolo de Montreal, em 1987. Com isso, espera-se que a camada se recupere e atinja o estado normal em 2050. No entanto, algumas substâncias de uso humano, como o bromofórmio, seguem ameaçando a recuperação dessa proteção natural.